domingo, 22 de junho de 2008

Complexo do Alemão, 27/06/2007 - a primeira chacina assumida pelo Estado no Rio

Outros elementos que atestam a inexistência de verdadeiros "confrontos": apenas um policial foi ferido (na Fazendinha, embora a maior parte das mortes aconteceram na Grota); moradores relataram que ouviram traficantes nervosos avisando a todos para vazarem, porque era muita polícia e não havia como enfrentar; só aconteceram duas prisões em toda a operação; policiais afirmaram que foi tudo uma "brincadeira" em que atiravam como "caçando patos". A OAB denunciou que alguns dos mortos não estavam envolvidos com o tráfico, mas de fato essa não é a questão principal. Mesmo que todos estejam "envolvidos" (palavra genérica do jargão policial-jornalístico que inclui coisas muito diferentes, desde o garoto que entrega o almoço dos meninos até o traficante homicida que retalha suas vítimas a facão ou machado, desde o mais mal-pago dos fogueteiros até o gerente da boca cheio de grana), executar uma ação policial como um assassinato em massa planejado, é algo totalmente fora das mais elementares leis, garantias constitucionais e princípios de direitos humanos. Essa é a denúncia principal que devemos fazer. Não se trata também de buscar "abusos" na operação ou apontar sua "ineficiência" porque traficantes armados continuam a circular na área (esse tipo de informação pode servir mesmo para conclusões do tipo: tinha que matar mais então!). O alvo da nossa crítica deve ser a operação em si, uma clássica operação militar de cerco e aniquilamento com ordens de não fazer prisioneiros, ou seja, algo condenado até pelas convenções de Genebra para guerra

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